Jul
07
Por Ricardo Perrone *
Elaborei um estudo para o INSITUTO SIMPLES-ESCOLA DE NEGÓCIOS, onde este demonstra que 29% das empresas brasileiras fecham antes de completar um ano. E estes números se agravam até o sexto ano de vida, quando atingem 66% de mortalidade. As pequenas e microempresas representam 96% desse universo.
As principais causas para a alta taxa de mortalidade identificadas pelo estudo são sete:
1 – Falta de competência em Gestão Empresarial dos Empreendedores que, na sua maioria, são apenas bons técnicos, ou seja, dominam somente a competência técnica do seu Negócio. Pior ainda quando ocorre também a falta de experiência e desconhecimento do negócio por parte do Empreendedor; estes são os dois grandes desafios enfrentados pelos Empreendedores.
2 – Falta de um Planejamento Empresarial Estratégico ou Plano de Negócio para orientar a empresa no curto e médio prazo. Não possuir um Plano de Negócios ou Planejamento Empresarial Estratégico que oriente os rumos futuros do Negócio, é algo prejudicial. É preciso ter um plano bem claro, objetivo e detalhado, antes de realizar qualquer ação ou investimento, seja de tempo ou de dinheiro. Caso contrário, o Negócio fica extremamente exposto ao fator sorte.
3 – Gestão da Rotina Diária dos Processos Principais do Negócio deficiente ou inexistente.
4 – Insuficiência de políticas governamentais de apoio aos Empreendedores.
5 – Flutuações na conjuntura política-econômica.
6 – Problemas pessoais dos proprietários, confusão da pessoa física com a pessoa jurídica bem como das relações familiares. Outro erro que acontece com frequência é misturar as finanças da empresa com as pessoais. É preciso estabelecer um pró-labore (salário) compatível com o Plano de Negócios para os sócios, semelhante aos funcionários. Este valor deve ser transferido para a conta corrente pessoal, e serve para cobrir as necessidades/despesas pessoais dos sócios. Não deve-se confundir o pró-labore com o lucro da empresa.
7 – Gestão Financeira sem critério técnico e totalmente sem controle, ou seja, não possui: Orçamento Anual, Fluxo de Caixa Projetado (semanal/quinzenal/mensal) e DRE (Demonstrativo de Resultados) mensais, sem contar que a maioria dos Negócios começam sem um capital de giro suficiente para suportar seis meses, tempo estimado para a maturação da empresa.
Confira os erros mais comuns e evite-os para reduzir os riscos de quebra do seu Negócio:
1 – Não possuir um plano de negócios, planejamento estratégico ou análise mercadológica;
2 – Misturar as finanças da empresa com as pessoais;
3 – Contratar qualquer familiar ou amigo, e não as pessoas mais adequadas (competentes) para a empresa. É preciso estabelecer os pré-requisitos para cada cargo/função, e selecionar as pessoas com o melhor perfil/competências necessárias para a empresa;
4 – Não estabelecer metas e prazos para as pessoas. Além de definir o que cada sócio/funcionário deve realizar, é preciso estabelecer uma data/hora para finalizar. Eliminar o gerúndio (estou fazendo, estou providenciando...) pois tempo é dinheiro. As despesas tem data fixa para pagamento. O atraso de uma tarefa pode atrasar o recebimento de uma receita e prejudicar o fluxo de caixa da empresa;
5 – Tomar decisões sem informações precisas, principalmente informações financeiras. É preciso ter um controle detalhado de todas as receitas, despesas fixas e variáveis, e investimentos. É fundamental simular os impactos futuros de qualquer ação. Ex: Saber qual o custo operacional para definir o preço de venda dos produtos e a política de descontos;
6 – Contrair empréstimos para pagar despesas operacionais, sem ter um plano de recuperação/reestruturação. Se a empresa não consegue pagar as despesas operacionais com as receitas da operação, é preciso mudar/rever o Plano do Negócio. Não confundir despesas operacionais com investimentos;
7 – Não tomar decisões no momento em que é preciso, principalmente quando envolvem demissões, mudanças de procedimentos, aumento de atividades e controles, suspensão de operações, aumento no investimento, entre outras. Prorrogar a decisão só aumenta o tamanho das mudanças e dos impactos;
8 – Perder o comando, a comunicação e o respeito das pessoas. Todos têm a sua devida importância para o perfeito funcionamento do organismo, mas algumas pessoas são e precisam exercer o papel do cérebro (decisão, planejamento, comando) e outras, dos órgãos e membros do corpo (operação, execução, controle);
9 – Ficar dependente de funcionários, fornecedores ou clientes. É preciso evitar esta dependência que traz riscos significativos para o Negócio, elaborando planos de contingência para a falta/desistência destes. “Quem tem um, não tem nenhum”. Tenha pelo menos dois funcionários com conhecimento dos processos-chave, dois fornecedores distintos de matéria-prima/produtos e dois clientes com a mesma proporção de receitas;
10 – Acreditar que sabe tudo, que não precisa de ajuda e que nunca enfrentará dificuldades. É preciso ouvir e considerar a opinião/sugestão dos funcionários, clientes, fornecedores e consultores, se atualizar e se aperfeiçoar continuamente, e buscar ajuda profissional para agregar valor à operação da empresa.
Prezados leitores, eu possuo uma vasta experiência em recuperação judicial e sou especialista nesta área. Assim, posso afirmar com convicção que as sete causas de mortalidade e os dez erros mais comuns a serem evitados, citados neste texto, poderão ajudar vocês a fazerem uma reflexão sem dor e buscar ajuda. Pensem nisso e boa sorte!
( * ) Ricardo Perrone é Msc Professor, Consultor, Presidente do Instituto Simples-Escola de Negócios e da União Brasileira para a Gestão (UBQ).
Fonte: PERRONE, Ricardo. Por que as empresas quebram? E como evitar?. Revista PANORAMA.
ISDG - INSTITUTO SIMPLES DE DESENVOLVIMENTO GERENCIAL